Veja as recomendações dos médicos para aprender a conviver com os chamados ‘efeitos não-vírus da pandemia’
Por Valor Investe — São Paulo
12/05/2022 11h00 Atualizado há 9 horas
A necessidade de isolamento social como forma de evitar a disseminação do coronavírus já é algo distante de pessoas em várias partes do mundo. Mas os efeitos colaterais pandêmicos são cada vez mais observados nos sistemas e redes de saúde. Aumentos nos problemas de saúde que não envolvem a contração do vírus covid-19, mas são causados pela pandemia não devem “desaparecer tão cedo”, na opinião de muitos médicos.
Relatos de médicos que estão diagnosticando formas mais avançadas de câncer, diabetes e outras condições crônicas do que antes do covid têm se tornado cada vez mais frequentes nos Estados Unidos. Atrasos no tratamento levaram a mais diagnósticos de transtornos de humor, ansiedade e abuso de substâncias, segundo profissionais ouvidos pelo site CNBC.
“Estamos vendo isso em um amplo espectro de idade”, disse Erica Johnson, presidente do conselho de especialidades de doenças infecciosas do American Board of Internal Medicine, à CNBC Make It. “Estamos vendo adolescentes e crianças impactados, e estamos vendo muitos adultos e idosos impactados também. Acho que é um problema real, e não é provável que desapareça tão cedo.”
Desmaios e visão embaçada causados por deficiência de vitamina D e níveis elevados de colesterol, em decorrência do estilo de vida sedentário imposto desde março de 2020, também foram verificados e estão ligados a maiores chances de doenças cardíacas, derrame, diabetes, câncer, esclerose múltipla, ossos enfraquecidos e distúrbios do sistema imunológico.
Esse mesmo ganho de peso também está relacionado a problemas de mobilidade permanentes ou de longo prazo, e formas graves de tendinite de Aquiles. Até mesmo andar descalço o dia todo enquanto trabalha em casa está causando uma gravidade maior de casos de bolhas, dedos quebrados e problemas estruturais nos tendões do pé e do tornozelo, segundo Sean Peden, professor assistente de cirurgia ortopédica na Escola de Medicina de Yale. “A gravidade e a frequência estão aumentando, o que me faz pensar que são pessoas que provavelmente estão se machucando mais por causa das causas indiretas da pandemia”.
As doenças que acometem o coração também são reforçadas pelo estresse e níveis acima da média de consumo de álcool.É uma lista extensa e provavelmente incompleta.
“Se, de fato, a covid levar a um aumento na mortalidade por câncer – e acho que provavelmente o fará – não é algo que seremos capazes de detectar estatisticamente por mais um ano ou dois”, diz o médico Eric Winer, diretor do Yale Centro do Câncer.
Aprendendo a conviver com os efeitos colaterais da pandemia
Assim como estamos aprendendo a viver com a covid a longo prazo, precisaremos aprender a viver com os chamados “efeitos não-vírus” da pandemia, diz Erica Johnson. Para isso, ela recomenda:
– retomar suas rotinas de saúde pré-covid com visitas anuais ao oftalmologista e ao dentista novamente;
– retornar exames de mamografias anuais e vacinações de rotina;
– considerar exames de saúde mental;
– alongar o corpo durante 10 minutos por dia;
– hidratar o rosto e as mãos com mais frequência para evitar problemas mais profundos de ressecamento da pele por conta do uso de máscaras e da necessidade de lavar as mãos.