Ituiutaba, sábado, 23 de novembro de 2024

Dia Internacional da Mulher: uma data que nasceu em função dos movimentos feministas mundiais e não da retórica comercial

Publicado por Vigilante do Povo em 08/03/2020 às 1:23

 

Por Geiza Ardila

 

São várias as histórias que envolvem o Dia Internacional da Mulher. O fato significativo é que se tornou uma data importante que une todas as manifestações protagonizadas por movimentos femininos no mundo inteiro. Não foi criada por questões comerciais, como outras. Foi definida pelas Nações Unidas em 1975, registrando na História a luta pela liberdade feminina e a igualdade entre os gêneros.

Muitas histórias, acontecimentos e fatos envolvem os movimentos feministas. Todos que revelaram para o mundo e a sociedade que a mulher era força, não apenas um subproduto humano. Mortes, assassinatos e revoltas foram compondo essa grande marcha, que até hoje ainda continua, pois a plenitude dos Direitos da Mulher não foram totalmente alcançados.

Continuam ganhando menos que os homens, mesmo tendo a mesma responsabilidade. Enfrentam a dupla jornada de mulher, mãe e dona de casa. Enfrenta preconceitos quando bem sucedidas e são discriminadas por suas posturas mais progressistas.

A luta continua. Força, mulherada!

 

MAIS SOBRE O 8 DE MARÇO

Segundo a BBC News, da Inglaterra, muitas pessoas consideram o 8 de Março apenas uma data de homenagens às mulheres, mas, diferentemente de outros dias comemorativas, ela não foi criada pelo comércio – e tem raízes históricas mais profundas e sérias.

Oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, o chamado Dia Internacional da Mulher é comemorado desde o início do século 20.

Hoje, a data é cada vez mais lembrada como um dia para reivindicar igualdade de gênero e com protestos ao redor do mundo – aproximando-a de sua origem na luta de mulheres que trabalhavam em fábricas nos Estados Unidos e em alguns países da Europa.

Elas começaram uma campanha dentro do movimento socialista para exigir seus direitos – as condições de trabalho delas eram ainda piores que as dos homens à época.

A origem da data escolhida para celebrar as mulheres tem algumas explicações históricas. No Brasil, é muito comum relacioná-la ao incêndio ocorrido em Nova York no dia 25 de março de 1911 na Triangle Shirtwaist Company, quando 146 trabalhadores morreram, sendo 125 mulheres e 21 homens (naa maioria, judeus), que trouxe à tona as más condições enfrentadas por mulheres na Revolução Industrial.

No entanto, há registros anteriores a esse episódio que trazem referências à reivindicação de mulheres para que houvesse um momento dedicado às suas causas dentro do movimento de trabalhadores.

AS ORIGENS

Se fosse possível fazer uma linha do tempo dos primeiros “dias das mulheres” que surgiram no mundo, ela começaria possivelmente com a grande passeata das mulheres em 26 de fevereiro de 1909, em Nova York.

Naquele dia, cerca de 15 mil mulheres marcharam nas ruas da cidade por melhores condições de trabalho – na época, as jornadas para elas poderiam chegar a 16h por dia, seis dias por semana e, não raro, incluíam também os domingos. Ali teria sido celebrado pela primeira vez o “Dia Nacional da Mulher” americano.

Enquanto isso, também crescia na Europa o movimento nas fábricas. Em agosto de 1910, a alemã Clara Zetkin propôs em reunião da Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas a criação de uma jornada de manifestações.

“Não era uma questão de data específica. Ela fez declarações na Internacional Socialista com uma proposta para que houvesse um momento do movimento sindical e socialista dedicado à questão das mulheres”, explicou à BBC News Brasil a socióloga Eva Blay, uma das pioneiras nos estudos sobre os direitos das mulheres no país.

“A situação da mulher era muito diferente e pior que a dos homens nas questões trabalhistas daquela época”, disse ela, que é coordenadora da USP Mulheres.

A proposta de Zetkin, segundo os registros que se tem hoje, era de uma jornada anual de manifestações das mulheres pela igualdade de direitos, sem exatamente determinar uma data. O primeiro dia oficial da mulher seria celebrado, então, em 19 de março de 1911.

Em 1917, houve um marco ainda mais forte daquele que viria a ser o 8 de Março. Naquele dia, um grupo de operárias saiu às ruas para se manifestar contra a fome e a Primeira Guerra Mundial, movimento que seria o pontapé inicial da Revolução Russa.

O protesto aconteceu em 23 de fevereiro pelo antigo calendário russo – 8 de março no calendário gregoriano, que os soviéticos adotariam em 1918 e é utilizado pela maioria dos países do mundo hoje.

Após a revolução bolchevique, a data foi oficializada entre os soviéticos como celebração da “mulher heróica e trabalhadora”. Mais no site https://www.bbc.com/portuguese/internacional-43324887.