Campanha política começa em Ituiutaba com polos bem definidos: o baronato tradicional ostentando seus metais e os progressistas na mistura popular

 

 

Semana marcada por movimentação política na cidade e que, depois de tantos anos, fica exposta a elite rica e seus apoiadores, não tão ricos, mas com seus nomes tradicionais e caminhonetes, e o povo progressista, parecido saído dos guetos, com André Janones dando o tom: “povo”.  Fazia muito tempo que não ficava tão explícita essa separação em Ituiutaba. Mas, esta semana que passou ficou gritante e saltou aos olhos. Em ambos casos, ninguém fez questão de esconder isso. Vamos ver aonde isso vai dar quando as eleições de 2024 terminarem.

 

O baronato de direita rica ou herdeira de “bons nomes” (o dinheiro já era) já apresentou as cores e o tamanho da camisa que vai jogar nessas eleições de 2024 em oposição ao governo progressista e popular da prefeita Leandra Guedes, ancorada na força política nacional do deputado federal André Janones.  Os campos, como fazia tempo, estavam nus diante dos eleitores e da classe política.
Uma ostentação em pré-lançamento de candidatura do herdeiro milionário (e presidente do clube de elite da cidade, Beira Rio) Hermano Freitas, conseguiu ressuscitar essa singularidade da política local, que vinha se perdendo sem a eleição de “cidadãos de bem e de família tradicional” da cidade. Os “pais fundadores” estavam lá e aproveitaram para trazer os de Uberlândia também.

Os progressistas, ou supostos progressistas, não esperavam. Em evento a poucos metros se reuniam simplórios para palestras.
Era tão discrepante que não dava para negar pelo visual: ornamentos, locais, carros e organização.
No baronato, tudo filmado e refinado. Na situação, sinceramente, bem pobre. Como jornalista não dá mentir. Os olhos captaram e tem que contar.

Mas, na sexta-feira, 26 de abril, é que ficou bem explícito. O baronato tentou sequestrar a festa do 1º de Maio, o dia do trabalho ou do trabalhador. Contudo, do mesmo modo tradicional que ressurgiu das cinzas. Fechou o Clube de Campo Beira Rio e fez um grande evento para escalar competidores para o torneio. Lotou com muitos carros e pais e filhos, servos e servas patrocinados por eles, a dar a ostentação: arrumadinho e engomado.

 

No detalhe, só para convidados. A fina flor da sociedade fez mais uma vez desfilar as estampas como a muito não se via na política local. Os enfeitiçados com “o bom, o cheiroso e a estrutura”. Há tempos não assistia a isso.  Dinheiro, maquiagem nos pobres e ofertando a eles a dose “letal” de que, agora, são parte dessa hierarquia social dos partidos, das decisões e das organizações sociais.

QUESTÂO BÁSICA: O diamante não oculta a coleira social.

Enquanto isso, do outro lado da cidade, geograficamente falando, no Bairro Sol Nascente, “Eduardo e Mônica” estavam em evento público, com aqueles que não precisavam de ticket para entrar. A nata do povo estava fazendo o que o povo mais gosta, sendo povo de chinelo, camiseta imitação de grandes marcas, comendo espetinho, sanduba, criança correndo pelas ruas interditadas, pula-pula e tudo aqui que só pobre sabe que é bom. E claro, a boa e tradicional caixa de isopor ou térmica com cerveja nacional.

Pai, mãe, avó e avó. Sim, nossos estimados vira-latas amarelos, pretos, machados, como uma caixa de bombons sortidos. Gente de toda cor, raça de toda fé e a parafernália pobre de bem entreter e curtir noite quente, seca e assistir as estampas que jogariam no 1º de Maio patrocinado pela prefeitura. Foi o verdadeiro “sextou”.

… E rolou a festa, com o início do anúncio de um investimento milionário na área de esportes: um parque de esporte com quadras para esportes coletivos, uma profissional para basquete, pista de atletismo, parque infantil e piscinas para natação e salto ornamental. O acesso será público, dinheiro já alocado e construção para iniciar este ano ainda.

Para os desavisados com a polêmica do nome do ginásio municipal, o projeto já chega com nome: “José Antônio Janones”. E a mensagem foi para o “clube”. Ninguém terá que pagar para ser sócio.

“Será para o povo. Com nome não do homem que me gerou. Mas de um como todos vocês aqui. Uma pessoa comum, do povo igual a vocês, pois enquanto eu for deputado vou trabalhar para os pobres e pelos pobres. ‘os coronéis’ querem voltar a dominar esta cidade, mas não voltarão. Aqui não será a cidade para eles cuidarem para que possam ser criados os filhos deles, como falavam antigamente, impedindo a cidade de crescer e melhorar. Agora tem que se acostumarem que  a cidade é de todos, dos seus filhos, trabalhadores. Eu sempre sempre vou trabalhar pelos pobres e melhorar a cidade para os pobres. Quem não estiver de acordo com isso; aceita ou muda de cidade”, palavras de Janones.

Solenidade encerrada, bola rolando, “misturando o mundo inteiro”.

Quem foi viu a tribo lançar e Mãe Preta chamar: “Avisou, avisou, avisou”.