Ituiutaba, sábado, 23 de novembro de 2024

Quem subiu ou desceu: veja como foi o desempenho dos partidos em Minas Gerais

Publicado por Vigilante do Povo em 17/11/2020 às 14:48

sede, pt
Por MARCELO DA FONSECA E CRISTIANO MARTINS
Jornal O Tempo
17/11/20 – 03h00

 

Pela primeira vez desde a redemocratização, nenhum partido político terá o controle sobre mais de 100 prefeituras em Minas Gerais. Os resultados das urnas no último domingo apontaram para uma pulverização partidária no controle das cidades, com as siglas mais tradicionais perdendo espaço para legendas mais novas nas cidades mineiras (veja o desempenho detalhado no gráfico abaixo).

O MDB se manteve como o partido com maior número de prefeituras, mas contabilizou grandes perdas no controle dos municípios. Em 2016, o partido elegeu 163 prefeitos, este ano o total caiu para 97 prefeitos. O cenário se mostra ainda mais complicado para o PT, que vê seu espaço nas prefeituras derreter pela segunda eleição consecutiva. No domingo, o partido elegeu 26 prefeitos, mas ainda disputa o segundo turno em duas cidades.

A queda do PT nas urnas segue em ritmo avançado, mostrando que o partido ainda busca uma forma de recuperar a credibilidade junto aos eleitores. Em 2012, primeira eleição após o ex-presidente Lula deixa a Presidência da República e com Dilma Rousseff no poder, o partido elegeu 113 prefeituras e se coloca entre os com maior domínio nos municípios mineiros.

Desde então o cenário se reverteu completamente, com a operação Lava-Jato envolvendo várias lideranças do partido em esquemas de corrupção e com a enfraquecimento de sigla que resultou no impeachment de Dilma, em 2016. Naquele ano o partido elegeu 41 prefeitos, perdendo 72 prefeituras em apenas 4 anos.

Neste ano a redução do espaço petista continuou e o partido elegeu 26 prefeitos no último domingo. Como ainda tem duas candidatas no segundo turno – Marília Campos, em Contagem, e Margarida Salomão, em Juiz de Fora (ambas lideraram a votação no primeiro turno) – o PT pode encerrar a eleição em Minas com 28 prefeituras. “Acabou que não elegemos o que tínhamos projetado. Esperávamos eleger mais do que elegemos em 2016 e, infelizmente, elegemos pouco menos. Mas, o PT ainda tem duas cidades importantes em disputa no segundo turno”, afirma o deputado Cristiano Silveira, presidente do PT em Minas.

Os petistas ainda consideram cedo para fazer uma análise geral sobre os motivos que levaram ao resultado aquém do planejado neste ano. Algumas lideranças apostaram em uma retomada da sigla nas prefeituras pelo país, após a operação Lava-Jato enfrentar questionamentos judiciais.

“Não foi um fenômeno só de Minas, mas (o resultado ruim) veio no Brasil todo. Não tenho como falar que o motivo ainda é semelhante ao que nos prejudicou em 2016. Queremos fazer uma análise melhor do resultado das eleições, considerando também as restrições deste ano. O PT sempre teve muita campanha de rua, e tivemos muitas restrições neste ano”, analisa Silveira, citando as condições adversas geradas pela pandemia do coronavírus.

 

Líderes, mas com menos poder 

Maior legenda do Brasil e de Minas Gerais em número de filiados, o MDB foi novamente o partido com mais prefeitos vencedores no Estado nesta edição 2020 das eleições municipais. A queda na comparação com 2016, porém, é notória. E esse fenômeno se repetiu no PSDB, que também está entre as siglas mineiras com maior número de filiados e que já dominou mais de 140 prefeituras.

Com 838 apurações definidas até este momento, o MDB conseguiu eleger 97 prefeitos em Minas. Apesar de suficiente para manter o partido na primeira colocação, esse número representa uma queda de 40,5% na comparação com o pleito anterior (163). O PSDB se manteve em segundo lugar no total de administrações municipais – agora empatado com o DEM –, mas também com uma forte redução, de 132 para 84 (36,4%).

Para o presidente estadual do PSDB, deputado Paulo Abi-Ackel, no entanto, os números dos tucanos na eleição devem ser comemorados, uma vez que o partido se manteve como um dos que mais elegeu prefeitos e diante de novas regras desta eleição.

“O PSDB foi o segundo partido que mais fez prefeitos. Vários partidos que não disputaram a eleição em 2016 passaram a disputar. Tivemos um regramento bem diferente este ano. Tivemos 35 partidos lançando candidatos, então teríamos uma fragmentação das prefeituras. Com o fim das coligações, o cenário mudou e todos os partidos passaram a lançar candidatos. Era previsível que houvesse essa fragmentação. É como um campeonato que passa a ser disputado por muito mais times”, avaliou o tucano.

 

DEM e PSD ganham espaço no Estado 

Se por um lado partidos tradicionais como PT, MDB e PSDB perderam espaço após a votação de domingo, legenda que não dominavam tantas prefeituras no Estado e com menores números de filiados em Minas ganharam espaço e venceram em grandes cidades. Com 84 prefeitos eleitos, o DEM se tornou o segundo partido com mais controle de prefeituras mineiras (empatado com o PSDB) e pode passar na frente, uma vez que disputará o segundo turno em Contagem. Em 2016, na última eleição municipal, o DEM tinha conseguido eleger 53 prefeitos.

“O Democratas teve um desempenho muito positivo, até histórico, para o partido. Mais de 80 prefeitos eleitos, muitos vice-prefeitos e vereadores. Vencemos no primeiro turno em Ribeirão das Neves e inúmeras outras cidades importantes do Estado. Um desempenho que coloca o partido entre os grandes partidos de Minas Gerais. A exemplo do que aconteceu também em nível nacional, com vitórias em capitais importantes, como em Curitiba, Florianópolis e Salvador”, afirmou o senador Rodrigo Pacheco, presidente do DEM no Estado.

Já o PSD, partido criado em 2011 pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, se consolidou como umas das principais forças de Minas, mantendo o controle na capital mineira, com a reeleição de Alexandre Kalil, e em Betim, com Vittorio Medioli. O partido aumentou de 55 prefeituras no Estado, em 2016, para 78 prefeituras neste ano.

“A eleição fortalece o PSD não somente como um dos que teve maior crescimento em Minas, mas também em âmbito nacional. Além disso, temos a possibilidade de receber, já no ano que vem, diversos prefeitos eleitos por outros partidos, que caminharam conosco em coligações locais. Nosso desejo é apresentar a Minas uma legenda de equilíbrio, diálogo e, principalmente, planejamento”, avalia o senador Carlos Viana, presidente da sigla em Minas.

Segundo ele, o resultado das urnas apontam para uma posição do eleitorado “contrária aos radicalismos políticos”, seja de direita ou esquerda.

Outro partido que se destacou na eleição mineira foi o Avante, que passou a controlar 50 prefeituras. Em 2016, quando a sigla ainda se chamava PTdoB, foram eleitos apenas 5 prefeitos do partido. O PP, que tinha contabilizado derrotas nas últimas eleições, após ver vários de seus parlamentares envolvidos nas denúncias da Lava-Jato, voltou a crescer no Estado, passando de 55 prefeituras para 65 nesta eleição.